As fortes manifestações de protesto ao longo
desta semana de junho em vários Estados do Brasil e em Brasília, a capital do
País, com milhares de participantes, demonstram que a população acordou e a
sociedade brasileira começa a re revoltar não somente contra um aumento de R$
0,20 em passagens de ônibus, mas refletem uma insatisfação contida por uma
série de acontecimentos no país. Vale dizer que a maioria dos manifestantes
mantém atitude pacífica, mas diversos atos de vandalismo foram registrados pelo
país, afora a ação da Polícia Militar que foi muito criticada por atirar
indiscriminadamente nos manifestantes com balas de borracha e usar de forma
excessiva gases tóxicos contra a população. Nota-se aí o despreparo da força
policial como um todo.
Com início pela reivindicação pelo reajuste das
passagens de ônibus as manifestações ganharam corpo e têm várias
características comuns. Uma delas é a de não ter envolvimento com partidos
políticos e lideranças. Nota-se que os movimentos são impulsionados pela
própria vontade do povo, que está cansado de esperar medidas, tanto da parte
dos governos quanto dos políticos para que tenham melhorias gerais em suas
próprias vidas.
Assim, os cidadãos que pagam altos impostos
passaram a notar, ou melhor, exprimem agora sua insatisfação contra os
serviços que lhes são prestados, particularmente nas áreas do transporte
público em geral, que são deficientes demais em todo o país e em decorrência de
falhas e deficiências nos setores de saúde, de educação, de segurança e por aí
vai. A população que só assiste novelas ou nem tem consciência exata da
situação começa a ver, pelas manifestações, e assimilar pouco a pouco que a
situação é séria. E o copo d’ água continua a encher...
Fortaleza
Apavorada
Em Fortaleza tivemos no dia 13 de junho um
movimento intitulado Fortaleza Apavorada, que nasceu de um grupo formado em uma
das redes sociais, o Facebook, e em pouco tempo ganhou mais de 20 mil adesões.
O grupo se manifestou contra a situação de violência e desamparo que se
encontra a cidade no que diz respeito à criminalidade, a falta de segurança
etc. É uma forte demonstração que as ações de combate ao crime não estão sendo
suficientes e há necessidade de muito mais.
Na cidade de Fortaleza não se pode mais sair
com tranquilidade. O número de assaltos é impressionante. E o desarmamento da
população, em especial daqueles que são cidadãos, não contribuiu para a
diminuição da criminalidade e sim para o aumento dela, tendo em vista que
delinquentes não precisam de licenças ou portes de arma para assaltar ou matar.
Entendemos que o desarmamento foi uma medida simplória para um governo que não
tem condições de fazer cumprir as próprias leis do país, e genericamente impôs
o controle de armas, o que seguramente não virá a resolver o problema da
violência.
A aliança de várias condicionantes, como altos
impostos e serviços deficientes, pouca ação de políticos e juristas para
resolver temas importantes e urgentes para a nação, como a redução da
maioridade penal para reduzir a violência e penalizar menores que cometem
atualmente crimes atrozes e banalizam a própria morte (de suas vítimas), o mau
atendimento nos setores de saúde, transportes, educação e saneamento básico, dentre
outros.
A
impunidade, o mal maior
A impunidade, entretanto, é em nosso
entendimento o mais sério dos problemas, pois gera tantos outros em todas as
esferas. O que se observa é que a população nitidamente se manifesta é pelo
fato de tanto crimes (mensalão, assassinatos, corrupção, crimes no trânsito),
alguns até julgados, terem os seus responsáveis ainda impunes. Fica bem nítido
que o Brasil, da forma como está, separa os brasileiros. A lei age para uns e
para outros nem de perto. Alguns programas de televisão destacam a situação
diariamente, a exemplo do apresentador Datena, pela Rede Bandeirantes. Outros
enviam repórteres para o Congresso Nacional, que em entrevistas com
parlamentares, evidenciam a falta de preparo, o desleixo para com o bem público,
e a verdadeira cara-de-pau de alguns que até brincam com os problemas e
ironizam as próprias matérias.
Como se admite um parlamentar ganhar altas
somas entre salários e benesses enquanto o povo ganha apenas um salário mínimo
irrisório e que não garante suas necessidades?
E o povo vai assimilando esse mau comportamento
da classe política e aos poucos o copo d’ água vai enchendo.
A Copa
das Confederações
A Copa das Confederações, motivo de festa para
os noticiários, culminou por fazer o povo enxergar o que, em artigos
anteriores, publicado neste Portal e em meu blog já havíamos previsto. O texto
fala do significado da palavra Prioridade, “O significado do termo prioridade.
Primeiramente gostaria de falar no termo
“Prioridade”, que segundo os dicionários, significa “eleger o que vem em
primeiro lugar, ou seja, o que mais importa para nós”. Será que isto está
acontecendo no Brasil? Acredito que não. Em todo o território nacional é fácil
verificar um elenco de necessidades que estariam em prioridade a uma realização
de Copa do Mundo de futebol, com todas as despesas que trará para o País.
As vaias
para a Presidente Dilma
Em plena abertura da Copa das Confederações
tivemos vaias para a Presidente Dilma. Essas expressaram não só insatisfação
contra a própria dirigente do País, mas o atual estado de situação onde se vê
muita impunidade, gastos do erário público sem o devido controle, corrupção em
diversos níveis e o aproveitamento agora de obras para a Copa das Confederações
para gastos exorbitantes, enquanto outras prioridades existem no país.
Um
raciocínio lógico
Vejamos um pequeno exercício de raciocínio: se
em vez de construírem “arenas” e estádios pomposos, com toda a infraestrutura
necessária, alargamentos de vias próximas, adequações nos transportes, desapropriações
e o aumento e exploração de áreas até então desvalorizadas, por conta da Copa
do Mundo, se construíssem mais hospitais, postos de saúde, escolas, delegacias
e fossem feitos investimentos na área de segurança pública? Para quem estudou
um pouco de Lógica é fácil deduzir onde verdadeiramente estão as prioridades
nacionais.
Em nosso entender existem muitas prioridades
acima do futebol, das quais a população inteira necessita bem mais do que uma
copa do mundo. E parece que ninguém fala nisso. Em Brasília são discutidos
temas como a tolerância aos gays, aprovação de recursos, e outros diversos
projetos não tão importantes como a tragédia da seca no Nordeste, problema que
a irregularidade climática nos traz há séculos.
A seca no Nordeste é uma prioridade eterna,
acima de qualquer tipo de modalidade esportiva, pois envolve a subsistência das
famílias, as criações, as plantações, ou seja, todo um setor econômico primário
de uma região. E não se vê uma movimentação política e dos gestores no sentido
de ajudar, não só a minimizar os problemas decorrentes da atual seca ou
fornecer meios para solucionar definitivamente o problema.
Outras
prioridades
Uma política que contemplasse a área de
segurança (melhores salários para os policiais, mais equipamentos,
investimentos na formação e capacitação) também teria maior prioridade do que uma
copa do mundo. Políticas educacionais (todas elas) também com mais prioridade.
Por que insistimos tanto na Copa do Mundo? Por vaidade do Brasil ou de
governantes?
Custo x
Benefício da Copa do Mundo
Batendo na mesma tecla: de que adiantarão
enormes estádios construídos, com suas respectivas dívidas de
financiamentos por tudo que é lado, se as áreas de saúde, educação, segurança,
transportes públicos estarão prejudicadas? Ao afirmarem que o turismo será o
suficiente para cobrir os investimentos teremos mais um engano. Os turistas
virão para a Copa, gastarão sem dinheirinho aqui no Brasil e voltarão logo para
seus países. E nós ficaremos com a limpeza de tudo, com os enormes estádios e –
principalmente – com as dívidas para pagar. E o povo brasileiro mais uma vez
feliz da vida, porque o próximo “show” será o carnaval ou eventos semelhantes.
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