Tempos bons aqueles de minha juventude. Depois
de minha infância ligada à
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Ainda em São José dos Campos - SP |
música, mas no Acordeon, cheguei à adolescência
comecei aprender a tocar violão e com pouco tempo fiquei literalmente fascinado
também pela guitarra.
O aprendizado do violão foi trabalhoso. Nem
sabia afinar o instrumento, creia. Pedia ajuda ao “Zé da Senhora”, conhecido
jogador de futebol do Salgado da Gama (um time de Messejana) e ele afinava para
mim. Voltava para casa e não largava mais o novo brinquedo. Aprendi também a
tocar as primeiras músicas com dois irmãos, dos quais nem lembro mais o nome,
que moravam perto de nossa casa. A Marcha dos Marinheiros (que depois tocava
até com o violão nas costas), uma valsas de Dilermando Reis e o aprendizado
avançava muito rápido. Futuramente tive aulas com um professor do Conservatório
de Música Alberto Nepomuceno, o qual me ensinou técnicas legais, treinamento
com escalas, postura, dedilhados e outros macetes interessantes. Não tínhamos
gravadores, nem máquinas fotográficas. Aliás, fotografias eram difíceis na
época. Quando vemos hoje centenas de pessoas gravando, fotografando ou filmando
eventos tenho certeza de que elas não têm a exata dimensão da facilidade que
está em suas mãos, pela tecnologia.
EU VIVIA E
RESPIRAVA MÚSICA
Na realidade a única maneira de aprender mesmo
é “vestir a camisa”, ou seja, não liberar o instrumento musical. Eu deixava o
violão na sala, em cima de algum local de fácil acesso. Depois de qualquer
atividade passava por ali, pegava o violão e tocava um pouquinho, o que desse.
Um exercício, uma nova sequência de acordes, qualquer coisa. E tinha que fazer
os calos nos dedos até se acostumar!
GUITARRA E
VIOLÃO
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Estúdio da Rádio Assunção, Fortaleza |
Quando passei para a guitarra, que também
possui seis cordas e tem a mesma afinação, a vontade de desenvolver as técnicas
aumentava dia a dia. Treinava praticamente o tempo inteiro que tinha livre. Fazendo
uma comparação com o que existe hoje em dia a coisa não era brincadeira.
Tínhamos que “ter ouvido”, ou seja, escutar ma música e saber os acordes que
faziam o acompanhamento. Não existiam revistinhas de acordes, com letras e
cifras, muito menos nem se sonhava com internet. Ou você tinha jeito mesmo e
“captava” a música, gravava a melodia e acertava a harmonia (o acompanhamento)
ou nada feito. Teria que mudar de brinquedo.
Quer saber como aprender sozinho e de forma
rápida? Aprenda primeiro a afinar o instrumento, saber quais são as cordas e as
técnicas para isso. Hoje temos afinador eletrônico, mas se você tiver “ouvido”,
não será preciso. Decore uma sequência de acordes, aprenda os acordes de tons
maiores, menores e os relativos. Um manual de violão ou guitarra que é
facilmente encontrado hoje dará uma força especial a seu aprendizado.
AS
TÉCNICAS
E treine muito! Aprenda a acompanhar uma
música, mude de tonalidade. Saiba executar
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Entrevista para o Jornal O Povo |
todos os acordes e suas variações
(são muitos). Saiba que mesmo após tocar por muito tempo a cada minuto,
segundo, você poderá aprender mais. Uma coisa muito importante é ter humildade
e nunca pensar que já é o tal. Eu, quando estava no auge de minha forma, como
guitarrista-solo do Conjunto Big Brasa, de Fortaleza, era reconhecido por
muitos como um dos melhores do norte e nordeste... Já pensou? Se não tivesse a
cabeça no lugar e muita simplicidade teria acreditado. Não que o pessoal
falasse isso para me “dar corda”, como se diz. Mas eu é que tinha plena
consciência de que sabia muito pouco!
O FASCÍNIO
DAS GUITARRAS
Antes de iniciar a minha carreira de musical
como líder e solista do Conjunto Big Brasa, recebi uma ajuda muito boa da parte
do Cesar Barreto, meu amigo, que tocava e cantava no Conjunto Os Rataplans.
Antes de nossa estreia (e este fato está em meu livro) o Cesar me ensinou a
introdução da música O Tijolinho. Achava difícil demais e pensava que nunca
iria fazer como ele, com tal desenvoltura, mas depois acostumei.
AS
SERENATAS EM MESSEJANA
Foram muitas as serenatas feitas com amigos, na
casa de colegas, em Messejana. Usávamos violão, flauta doce e às vezes também
uma escaleta. Na época havia paz e muita tranquilidade nas madrugadas. Sem medo
de assaltos nossa turma visitava as colegas e fazíamos as belas serenatas.
OS ÍDOLOS
Mais tarde, já como profissional, sempre
procurei me espelhar naqueles guitarristas que realmente tocavam muito bem. O
Jimi Hendrix e o Santana eram os meus ídolos. Procurei imitá-los o máximo que
pude no que diz respeito às técnicas, sons etc. Mas depois, quando ouvia outros
músicos, como o Eric Clapton, já tinha um pouco de bagagem para ir incorporando
as técnicas e criar o meu próprio estilo.
QUER SABER
DE UMA COISA?
Não perca tempo. Se você gosta de tocar, admira
música e quer aprender, utilize todas as ferramentas disponíveis na atualidade:
revistas com acordes, programas na internet, músicas com cifras (acordes). Os instrumentos estão modernos, bem construídos, os amplificadores, pedaleiras, todas as facilidades que você pode ter. Use
tudo que tem direito e seja feliz!
Um último recado: vá com calma e nunca pense que você aprendeu tudo, porque em música os limites são inatingíveis. Tenha sempre em mente isso e boa sorte!