quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Reformas ortográficas – firulas ou frescuras?

No Brasil, na realidade, nunca houve reforma ortográfica significativa e que prestasse mesmo, apenas convenções e acordos ortográficos com os países de língua portuguesa, que não surtiram o efeito desejado. Em minha opinião, se quisessem fazer uma reforma mesmo útil, para simplificar nossas vidas, deveriam acabar com todos os acentos. E pronto. Com o cê-cedilha (ç) também. Tudo aquilo que não ajuda em nada e somente atrapalha deveria ser jogado na realidade no lixo de uma vez só. Ficaríamos que nem o idioma inglês, que não perde tempo com firulas ou frescuras desse tipo. 

Não é preciso ser muito inteligente para reconhecer as dificuldades que as reformas nos trouxeram. Mas parece que devemos ser burros para somente engolir tudo calado frente aos deuses do idioma. Ao pensar sobre as reformas ortográficas que o Brasil enfrentou pesquisei rapidamente e descobri que as principais ocorreram nos seguintes anos:

1943: Abolido o "ph" (com som de "f": pharmácia, por exemplo); 1973: Eliminação do acento circunflexo para distinguir palavras homógrafas e eliminação do acento grave nas palavras terminadas com o sufixo "mente" (sòmente, por exemplo). Em 2009: Eliminação do trema, inclusão das letras "k", "w" e "y" (mas válido apenas para designar nomes e palavras estrangeiras). 

Hoje me deparei com uma fotografia no Facebook, na qual livros estavam sendo jogados fora, no lixo e o amigo que a postou criticava aquele ato. Logicamente condeno essa atitude, mas deixei a minha opinião na postagem. Ao analisar o que ocorre de verdade cheguei à conclusão de que algumas pessoas, muito estudiosas, querem de vez em quando atrapalhar o nosso já tão complicado idioma português. E comprovo:

A última reforma ortográfica, por exemplo, deixou todos os nossos livros e dicionários errados, pelo Brasil afora.

E passei a pensar quando minhas avós grafavam palavras conforme tinham aprendido: “elle” e outras mais. Achava que elas é que não tinham se atualizado. Mais tarde cheguei a ler escritos de meu pai com problemas semelhantes – principalmente de acentuação, conseqüência de mais uma reforma (foi o Word que colocou o trema na palavra anterior). E eu deixei de propósito.

E recentemente, com mais essa reforma, eu é quem estou me atrapalhando de vez em quando. Os tecnocratas contribuíram muito para as editoras, porque tudo isso certamente rendeu e vai render milhões aos livros didáticos que deverão ser editados novamente!

Algumas palavras que antes possuíam separação hoje possuem. E vice-versa. Ora, como vamos assimilar isso depois de anos de estudo? Vou a Roma ou Vou à Roma (tem ou não tem crase?

Muito bem: se você vai a Roma e volta de Roma, nada de crase. 
Mas, se você vai à China e volta da China, crase já! Pegou?
Então, comigo:
Vai a França e volta da França. Crase? Sim crase já!
Vai à França e volta da França.
Vai a Portugal e volta de Portugal, nada de crase!   

Viram? Tudo precisa de um esquema para se descobrir se tem ou não crase. E assim por diante. São inúmeros os casos. Se eu escrever: “levei uma topada no pe” você leu o que? Pé, é claro. Não precisa ter o acento porque nós pronunciamos o acento. E aquelas pessoas, que de forma ridícula, ficam tentando pronunciar a crase: Vai àààà França: fulano?

E, além de saber que todos os nossos livros estão “perdidos” vejo que também não surtiu o efeito desejado ao unificar o português. Em Portugal continuam falando do mesmo jeito, escrevendo certo ou errado que nem aqui. E aqueles que passaram anos tentando aprender e escrever bem o nosso idioma se deram mal novamente. Convenhamos, tira hífen, coloca hífen, tira o acento de idéia, que agora é grafada ideia. Adiantou o que mesmo?

A reforma ortográfica foi desenhada desde 1986 e só este ano, depois de muito debate, Portugal aceitou assinar o acordo. Mas as discussões sobre vantagens e desvantagens da reforma ainda persistem. Sai hífen, entra hífen, cai acento, some o trema. A reforma ortográfica foi mal recebida por brasileiros que vivem de palavras. 

Enquanto os sábios ficaram enterrados aqui imaginando tal reforma, meia-boca, capenga, outras pessoas em países mais evoluídos passaram o mesmo tempo pesquisando novas tecnologias, avanços na física, na medicina, sem se preocupar de escrevem porque fizeram isso, por que fizeram isso ou por quê fizeram isso! Sabem apenas que o mundo evoluiu com suas conquistas.

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