Esta história é sobre um
determinado país, que possuía uma região com um povo muito habituado a
festanças desregradas, a usar som de forma abusada, interferindo seus vizinhos
e não observado uma legislação que por lá havia, chamada “Lei do Silêncio”. As orgias e os gastos com o dinheiro arrecadado do povo através da cobrança de impostos eram práticas constantes!
Por pura ostentação,
alguns de seus habitantes tinham que manter seu ego em alta e para isso equipavam
seus transportes com poderosos equipamentos de som. Assim o tempo foi passando
e aquele hábito se propagando, pouco a pouco.
Naquela região chamada
de “Infernus na Terra” a situação foi se agravando cada vez mais. No local significava
status um indivíduo possuir um carro de som que extrapolasse os limites da
tolerância e do bom-senso. E não se ouvia mais música por ouvir. Ouviam-se os
canhões de som, ora instalados em seus próprios transportes ora rebocados em
carruagens, de forma a exibir a potência sonora, como forma de mostrar poder,
independente de quem se perturbasse ou ficasse incomodado. Não havia mais
controle. E o tempo foi passando até que as consequências se tornaram uma
verdadeira “tradição” de desrespeito ao próximo.
A prepotência e o mau exemplo da Corte
Os reis e rainhas existentes
no período davam o mau exemplo de cima. Ou seja, os governantes e seus asseclas
praticavam toda sorte de atos ilícitos e a impunidade grassava. Os Reis e
Rainhas que se alternavam no poder no Infernus cobravam muitos impostos de
todos os cidadãos. Gastavam sem controle e o abuso ia aumentando dia a dia.
Assim no Infernus era comum os amigos dos reis gastarem fortunas com o que
arrecadavam dos cidadãos. Dificilmente os abusos recebiam penalidades.
No Infernus aqueles
amigos e funcionários da corte, por serem as graças do Rei, usavam e abusavam
das condições e das regalias proporcionadas pela Corte. Pegavam os cavalos mais
velozes e os utilizavam gratuitamente para passear com suas famílias, para
assistir espetáculos nas arenas e também para cuidar de suas vaidades
aproveitando os conhecimentos de alquimistas de reinos vizinhos. Tudo às custas
do seu reinado no Infernus e sob a complacência dos reis e rainhas.
Essa situação dava
força para aqueles que se dispunham a ficar fora das leis, porque detinham mais
ou menos poder. E o caos foi se instalando.
Nessas terras do
Infernus o povo sempre foi pobre, de uma forma geral. Poucos detinham poder e
dinheiro. A Educação mesmo, sendo fornecida para alguns, não surtia o efeito
desejado para todos. Os mais abastados se achavam no direito de estar acima da
Lei. Portanto era muito comum as pessoas que deveriam ter mais consciência,
pela educação recebida, desrespeitarem o seu próximo e a ordem constituída, pela
sua má índole mesmo e pelo exemplo das autoridades do reino inteiro.
Os códigos de leis no Infernus
Para controlar o
continente havia um determinado código de leis. Às vezes eram cumpridas, mas
havia distinções entre as categorias dos cidadãos. Não funcionava para todos.
Quem tinha mais poder ficava de fora e podia “pintar e bordar” à vontade.
Mas nas terras do
reino, com sua imensidão, os crimes foram avançando, as forças ilegais, o uso
de substâncias nocivas à própria saúde dos cidadãos foi sendo disseminado até
ficar praticamente sem controle em alguns territórios.
Para se defender da
criminalidade e em razão da falta de segurança no Infernus por falta de um
controle proporcionado pelos Reis, os habitantes do Infernus procuravam sua
sobrevivência e defesa de suas propriedades, de sua vida, por seus próprios
meios. Compravam assim alguns objetos e os usavam como armas de defesa. Alguns
desses habitantes exageravam nessa defesa e praticavam mais crimes. Por não ter
como manter uma segurança eficiente os Reis decidiram tomar uma medida
drástica: impediram os habitantes do Infernus de utilizarem tais armas.
Resultado: mais um complicador, ou seja, somente utilizavam as tais armas quem
estava fora da lei e as poucas forças de defesa do Infernus. Assim os cidadãos
do Infernus ficaram indefesos, sem o direito de defesa mesmo em suas moradias e
sem uma proteção das forças de segurança formadas pelos Reis.
Para fiscalizar e
combater a violência existente em alguns locais e fazer cumprir as normas e as
leis existia uma força especial. Esta força de defesa, de tanto se deparar com
as ilegalidades, por estarem sempre em uma camada inferior da sociedade ali
existente, ser mal equipadas e mal formadas, tornou-se praticamente ineficaz.
E, como o descontrole
gera descontrole, essas forças de segurança tiveram alguns de seus membros
voltados também para a corrupção e para a criminalidade (já existiam essas
mazelas no tal “Infernus”).
A criação das Patrulhas do Cidadão
Em vista desse
descontrole no Infernus e das próprias forças que deveriam atuar em favor dos
cidadãos do país, foi criada em uma pequena província do “Infernus” um grupo denominado
Patrulha do Cidadão.
Acontece que como tal
força foi criada por um dos Reis que não entendia bem do assunto, formou-se um
grupo de soldados, todos cavaleiros da Corte, muito bem intencionado, mas sem o
preparo adequado e sem o principal: respaldo dos próprios reis do país. Os
salários que recebiam não eram condizentes com suas atribuições. Ganhavam
pouco. E receberam alguns equipamentos, como novas carruagens para seu serviço.
Em vista de não terem
sido adequadamente treinados, muitos se envolveram em acidentes com as novas
carruagens, destruindo boa parte delas. E tantas foram as ações desastrosas que
os Reis decidiram chamar os chefes generais das patrulhas e determinar que eles
não corressem mais e poupassem os cavalos. Isso para evitar os inúmeros
acidentes. Ora, desse modo não podiam combater os delinquentes e fazer o seu
trabalho. Uma situação delicada.
Alguns legisladores
mais antigos decidiram estabelecer alguns critérios para uma parcela da
população do Infernus. De tal sorte que criaram um código de leis para os mais
jovens, que podiam fazer tudo e não eram penalizados. Para cada classe social
havia um código. Quem tinha mais poder e era amigo dos Reis tinham um espaço e
direitos diferenciados. Com essa situação as Patrulhas do Cidadão passaram a
ter uma dificuldade maior em suas nobres tarefas. Quando se movimentavam para
coibir abusos por parte de determinadas camadas, como a dos mais jovens, até
certa idade, não podiam neles tocar. E se o fizessem eram rebaixados, sofriam
prejuízos e poderiam até perder sua posição nas Patrulhas ou mesmo delas serem
expulsos.
Os códigos de leis do Infernus atrapalhavam as forças de
defesa
Com os códigos jurídicos
existentes no Infernus, que protegiam muito os infratores, beneficiavam aqueles
que detinham maior poder e que eram amigos dos Reis, o serviço das Patrulhas
foi visivelmente prejudicado. Muitas das vezes que esses defensores das leis do
Infernus iam agir, não o faziam com receio das medidas que poderiam ser
adotadas por seus chefes, estes por sua vez nomeados e pagos pelos Reis. E como
pertenciam também a uma classe que precisava de tais empregos os membros das
patrulhas foram tolhidos em sua missão.
Aqueles cidadãos mais
jovens possuíam um código especial, emanado dos mestres jurídicos e aprovado
pelos governantes do Infernus. Tal código não os penalizava por nada de mal que
fizessem a seus semelhantes. E também ficavam incólumes frente às Patrulhas do
Cidadão
Uma revolta popular e motins pelo reino
Mas com os escribas
disseminando cada vez mais os desmandos dos reis, rainhas e de toda a corte do
Infernus o povo começou a se revoltar. Surgiram manifestações contra o reinado
nas principais vilas do reino. O povo não aguentava mais ser explorado e pagar
altos impostos e não receber a contrapartida por isso. Malfeitores se
misturavam às grandes multidões e aproveitavam para saquear, para quebrar
monumentos do Infernus, tentar destruir palácios etc.
Os governantes ficaram
atônitos e não sabiam o que fazer. Uns profetas diziam que o povo logo iria
esquecer e que tudo continuar na mesma. Seriam os profetas do Apocalipse, se
adiantando?
Espetáculos nas Arenas
A situação estava tão
grave a ponto de que os governantes do Infernus promoverem competições nas
Arenas, com disputas ferrenhas, no intuito de divertir o povo com tais eventos
e esconder o que se passava nos porões sujos da Corte. Para as competições eram chamados reinos vizinhos, no intuito de promover a distração do povo e também de alegrar aos membros de corte.
E assim continuou a
vida no Infernus. Os cidadãos esperando dos Reis bons exemplos, menor
arrecadação de impostos e melhor distribuição das riquezas ali existentes.
A espera de um verdadeiro milagre no Infernus
Esperaram muito e
alguns já preconizavam o uso de uma nova e poderosa arma que poderia ser
utilizada por eles e que, se bem empregada, poderiam corrigir a situação.
Com o tempo certamente
iriam aprender a usar essa possante arma que tornaria melhores todas as
condições de vida dos habitantes do Infernus: o Voto!
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