Final de semana em um clima serrano, friozinho,
pela madrugada, quando ouvi ao amanhecer batidas do outro lado da casa, no meio
do mato. Certamente alguém cortando alguma coisa, batendo com um martelo ou
coisa parecida... O som alto parecia que alguém estava cortando uma árvore. Tentei
dormir de novo e de repente o som continuou mais alguns minutos, tempo
suficiente para que eu acordasse. O que seria aquilo? Pensei. E resolvi
levantar da cama, já que não conseguia mais dormir mesmo.
Quando estava lavando o rosto ouvi umas fortes
e insistentes batidas logo atrás de mim. Pelo espelho percebi que um passarinho
tentava entrar pela portinhola de vidro, que se encontrava fechada... Ele voava
e vinha de encontro ao vidro, batendo com força total! Era impressionante! Fazia
um barulho grande com seu verdadeiro ataque aéreo... Não percebia a existência
do vidro e tentava entrar de qualquer maneira, acho. Talvez fosse sua mania,
acostumado a beber água que por vezes vazava da pia...
Fiquei impressionando com a insistência do
amiguinho e logo abri a portinha para que ele pudesse passar - se quisesse. Mas
que nada. Ele se assustou e foi embora. No dia seguinte, cedinho, o mesmo
som... E eu acordei já pensando: será que é o meu amigo passarinho de novo? Fui
verificar e era ele mesmo! Então procedi da mesma maneira, só que mesmo
deixando a passagem aberta ele não mais voltou.
Nas saídas de nossa casa na serra acostumei
deixar a passagem do “meu amigo” aberta, para que ele pudesse matar a sede
quando quisesse retornar. Por que eu impediria aquele pequeno ser de usar um pouco
de água?
E mais algumas idas e vindas, só que eu
esperava pelo retorno daquele amigo e nada. Tinha sumido...
Algumas semanas depois, muito bem: chegamos
novamente para mais uma pequena temporada. Logo depois de acomodar tudo na casa
e depois do almoço, desta vez, estava fazendo a barba quando vi, para minha
surpresa e alegria, o passarinho de novo! Bateu no vidro e voou. Como se
quisesse me dizer: estou aqui ainda, amigo! Fiquei alegre com essa volta e me
apressei em colocar algo para ele comer, ao lado da portinha. Uma tentativa de
dizer olá, seja bem-vindo.
E vamos esperar para ver o que acontece. Ele
deve estar certamente por aí, na natureza do Maciço de Baturité, pelas árvores
de Pacoti, feliz da vida, curtindo sua jornada. Amanhã, quem sabe, virá
novamente me acordar. Pode parecer muito estranho, mas por outra pequena janela
da casa entrou rapidamente um passarinho, fez um vôo de reconhecimento interno
e saiu pela janela da frente. Não sei se é o mesmo, mas prefiro acreditar que
sim. Que era o meu amigo passarinho, aproveitando as portas abertas da casa
para nos dar as boas vindas.
E assim repasso para vocês esta simples história
de uma amizade inesperada!
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