quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Irregularidade climática prevista e que de tempos em tempos aflige o nordestino

 
Imagens desoladoras da seca. Figuras de sertanejos sofridos pelo flagelo periódico, crianças que nascem e se desenvolvem sem o mínimo necessário. Muitas vezes ficamos em um “mato sem cachorro”, como simples cidadãos. Não é possível que você não conheça este ditado antigo. Uma situação aflitiva na qual o local onde você mora ou seu próprio país não andam tão bem quanto você gostaria. Nesta situação fazer o que? Relaxar e “aproveitar” (para não usar uma palavra dita por Marta Suplicy) seriam uma das opções fartamente utilizadas pelas sanguessugas da pátria.

No caso específico do Ceará, com relação ao fenômeno da seca, por exemplo, estou cansado de ouvir ao longo dos anos as expressões “o sertanejo tem que aprender a conviver com a seca” e outras tantas. Seria demais exaustivo e enfadonho repetir tanta meleca dita por políticos e maus gestores que sempre aproveitaram a irregularidade climática do nordeste para conseguir votos, com promessas vãs, na certeza de que o povo não tem boa memória mesmo e no final eles (maus políticos e gestores) irão se dar bem. Um flagelo que dizima pessoas, animais, plantações e que não é considerado como prioridade no nordeste, a bem do próprio Brasil, como unidade nacional.

Pelo menos há uns trinta anos escuto a lengalenga antes da quadra invernosa: “estamos atravessando um período da zona de convergência intertropical” e outras do gênero. E assim volta e meia o nordestino se depara com um período crítico de escassez ou falta de chuvas. E tome sofrimento do povo. Morre o gado, perdem-se as plantações e a pobreza aumenta. O fenômeno neste ano atingiu outras regiões do país e faz com que a mídia se volte mais para as soluções e para a cobrança de medidas governamentais para resolver a situação.

Todo mundo sabe disso, não é mesmo? Mas e por que soluções concretas não foram ainda adotadas para minimizar este grave problema?

Prestem atenção ao seguinte caso: entre os anos 1978 e 1983 houve uma seca considerável no Ceará. Neste período nasceu no interior cearense, em muitas localidades, uma geração que foi chamada de “nanica” pela falta de condições, pelas dificuldades, pobreza e outros males trazidos pela seca. Conheci uma família em que um dos filhos, com três anos de idade, começou a chorar desesperadamente e ninguém sabia o motivo. Uma situação aflitiva: queriam levar a criança para um hospital, para uma emergência, enfim, para descobrir a razão do choro compulsivo. E o desfecho: era uma chuva que tinha começado a cair e como o menino nunca tinha tido contato com “aquilo” vindo dos céus ficou apavorado. Para ele o fim do mundo, o apocalipse... Fato verídico. De sorrir muito, mas ao mesmo tempo refletir sobre o triste e sério problema.

Há soluções para o problema da seca?

Existem soluções técnicas viáveis há muito tempo para fazer com que os nordestinos atravessem os eventuais períodos de seca ou de pouca chuva. Mas, do mesmo jeito que não houve interesse suficiente para programar essas soluções, fácil é observar que em outras áreas ocorre a mesma coisa. Obras inacabadas, recursos desviados, falta de fiscalização, de investimentos de forma plena e honesta.

O nordeste possui um povo acolhedor, trabalhador, que não merece o que vem sofrendo há dezenas e dezenas de anos em razão da seca. Para um desenvolvimento geral de todo o país, que possui dimensões de um continente, não é possível tanto desprezo a vida toda. O que será do Brasil nordestino daqui a 50 anos? A persistir o atual quadro continuará com um povo cada vez mais sofrido, particularmente nas regiões mais afetadas pela irregularidade do clima e, por consequência, com um atraso geral no desenvolvimento das crianças que estão nascendo agora.

É preciso que os políticos e os governos enxerguem isso, mas não só vejam o problema e sim trabalhem com afinco para merecer seus altos salários e benesses pagos por todos nós contribuintes. O problema da seca no nordeste é lamentável e eu gostaria de ver ainda melhorias e providências concretas para a situação, mas pelo quadro geral visto no Brasil recentemente não há muitas possibilidades para isso. O mal tem que ser extirpado primeiramente, dos quadros políticos e governamentais. E a sociedade, empresários, enfim todos devem se unir para uma solução definitiva, acabando com urgência, a corrupção e a impunidade em todo o país que contaminam cada vez mais nossa sociedade.  Quem é novo ainda pode contribuir mais na cobrança de soluções para um futuro melhor, aprendendo a votar e a escolher melhor seus representantes. 

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