A nossa
homenagem e gratidão eterna!
Esta é uma homenagem prestada ao meu pai, Alberto
Ribeiro da Silva, que no dia 25 de julho de 2019 completaria cem anos de vida.
Ele nos deixou fisicamente há dezoito anos, no dia 5 de abril de 2001. Mas a sua
presença é constante e firme e ignora as relações de tempo para mim e para
muitas pessoas que o admitam. Seus exemplos ficaram e suas marcas positivas de
costumes também. Seus conceitos, sempre verdadeiros, foram bem disseminados
entre nós, os filhos, suas noras, os netos e netas, parentes, amigos e amigas.
Suas lembranças continuam na memória de todos aqueles que fazem parte da grande
família Conjunto Big Brasa, que ele tanto prestigiou e nos encaminhou enquanto
éramos menores de idade.
Presença
firme, na certeza de que tudo deve estar justo e perfeito
Já se passaram dezoito anos que o papai nos
deixou. Lembro dele quase todos os dias, muitas vezes em situações que
passávamos juntos, tendo em vista que nosso diálogo era muito aberto e franco.
O Papai era meu AMIGO. E ele tem estado presente o tempo inteiro em minha mente
e na lembrança de todos de nossa família. A Aliete, minha mulher, o teve como
seu pai e posteriormente dedicou muito amor à mamãe, Zisile, até sua partida.
Assim todos nós - Aliete, Alberto Neto e Cristiane - lembramos tudo o que ele
fazia e as lições espetaculares de vida que nos deixou. Estou feliz por ter
publicado os escritos dele na internet. Certamente estaria muito satisfeito,
pois era avançado e gostava de todas as inovações tecnológicas, chegando ao
ponto de prever muita coisa do que ocorre hoje em dia. Na foto ao lado meus pais, que não mais estão fisicamente conosco.
Ficou conhecido posteriormente como o Mestre
Alberto, um orientador espiritual, amante de rock, em especial das canções dos
Beatles e dos Rolling Stones, as quais o acompanharam sempre. Gostava muito de
acompanhar as tecnologias e constantemente fornecia ideias para inovações no
grupo musical Big Brasa, como o emprego de telões, que não existiam na época,
mas representativos com “slides” com os nomes das músicas.
Formou-se em Contabilidade e exerceu sua
profissão sempre com todo o esmero, nos locais que trabalhou, desde Teresina,
com passagem em São José dos Campos, em São Paulo, e depois em Fortaleza,
cidade que prestou serviços para empresas de grande porte e depois para a
Televisão Educativa do Ceará (TVE). Sempre com muita dedicação ao trabalho e à
família, foco central de sua vida. Foi casado cinquenta e seis anos com minha
mãe, a Dona Zisile. Tenho extrema gratidão aos dois, pelo incentivo que me
deram na Música desde criança e as excelentes orientações de vida deles
recebida. Não tinha apegos a bens materiais de qualquer natureza. Gostava muito
da simplicidade e procurava se iluminar com os conhecimentos que acreditava
serem necessários ao aprimoramento de nosso espírito.
Em Messejana, entre suas atribuições de trabalho
na área contábil, foi o apoiador inconteste do Conjunto Musical Big Brasa, que
fez sucesso em Fortaleza, Ceará e em outros Estados nos Anos 60, juntamente com
sua esposa Zisile. Em sua parte social, foi sócio do Náutico Atlético Cearense,
logo que chegamos a Fortaleza e depois sócio proprietário do Balneário Clube de
Messejana, que também chegou a integrar a diretoria do Clube, época que lutou
contra diversos preconceitos existentes, tais como entrada de jogador de
futebol no clube, dentre outros. No Balneário ajudou a elaborar seus Estatutos
e contribuiu muito com idéias inovadoras e promoções de festas inesquecíveis,
ao som do Conjunto Big Brasa. Todos que tiveram o prazer de conhecê-lo ainda
hoje guardam boas lembranças na memória.
Como ele próprio escreveu em um de seus livros,
que foi por mim publicado em um blog na internet:
“Meu nome é Alberto Ribeiro da Silva, filho de
João Ribeiro da Silva e de Maria Ribeiro da Silva. Nasci na cidade de Balsas,
Estado do Maranhão, no dia 25 de julho de 1919. Posso afirmar com toda
convicção que tive uma infância bastante feliz. Os meus pais me deram tudo que
uma criança pudesse desejar naquele tempo, residindo numa cidade do alto sertão
maranhense, cuja ligação, com os meios que se diziam civilizados, era feita
através do maravilhoso e lendário Rio Balsas, do qual muito terei que falar
nestas notas, visto que está sempre ligado ao coração de todo balsense”.
Uma carta
simbólica
Tenho que escrever e registrar também que, após
seu falecimento eu escrevi para ele uma carta, no dia 19 de abril de 2001, como
se ele pudesse ter lido:
“Carta ao meu pai Alberto Ribeiro
Ao meu querido pai Alberto
Papai: gostaria que o senhor pudesse ter
concluído mais outro livro, conforme era sua pretensão. Do jeito que nós
combinamos, todos os textos que o senhor me entregou foram digitados e estava à
espera de mais material. Infelizmente não foi possível, mas tudo bem, o que
temos é suficiente. Minha saudade agora é enorme e mais uma vez chorei. Não
fique triste. Fiquei feliz quando sonhei com o senhor quando, pelo telefone,
lhe perguntava notícias e o senhor respondia que “estava tudo bem”, que não
tinha acontecido nada, que eu ficasse calmo, pois o senhor estava tranquilo.
Saiba que o senhor está agora muito mais presente do que em qualquer dia esteve
em nossas vidas. Os seus exemplos de vida sempre serão inesquecíveis para todos
nós.
A propósito, estou ainda aprendendo, a cada dia,
a pensar e agir que nem o senhor me ensinou durante toda a nossa convivência,
onde sempre prevaleceu o diálogo franco e leal de ambas as partes.
(...) Pai: resolvi imprimir todos os artigos em
ordem alfabética, pois não pude ter a sua ajuda para decidir como seria o
próximo livro seu, os capítulos, a sequência, enfim tudo. Em alguns desses
trechos, a exemplo do que aconteceu comigo quando eu os li tive certeza de que
seu espírito iluminado brilhou intensamente, deixando aflorar verdades
absolutas sobre a vida e outros tantos aspectos que envolveram o seu sentimento
de homem correto como o senhor sempre foi. Logo que puder vou gravar no
computador, para nossos familiares e amigos mais íntimos, um CD contendo o seu
livro, fotografias suas e de toda a nossa família, do Sítio Cristália (em
homenagem à Cristiane e Natália, suas netas) e do Sítio Nevada, em Ubajara,
Ceará, e nele incluirei também as músicas que o senhor mais gostava. O Alberto
Neto, a Cristiane e a Aliete me ajudarão nesta tarefa.
Gostaria muito de poder também, qualquer dia
desses, estar ao seu lado, alcançar as graças de Deus que o senhor conseguiu
por seus méritos e procedimentos aqui nesta passagem na terra. Eu sei que isso
vai ser difícil... Não se preocupe que vamos tomar conta da mamãe direitinho,
certo?
Um grande abraço do seu filho que muito o estima.
Até qualquer hora e contaremos todos sempre com sua ajuda.
Não esqueça que “continuamos”... , lembra?” (*)
(*) Esta referência “continuamos” é porque ele,
ainda quando eu era muito novo, antes de dormir, ainda em São José dos Campos,
ouvíamos um programa de rádio e ao desligar ele virava para mim e dizia:
- “Continuamos” (amigos). E eu respondia: “Continuamos”. E até hoje isso está valendo.
- “Continuamos” (amigos). E eu respondia: “Continuamos”. E até hoje isso está valendo.
Alberto Ribeiro da Silva escreveu dois livros
(Meu Depoimento e Uma Lição de Vida) os quais estão transcritos em um blog que
fiz em sua homenagem no seguinte link: http://albertoribeirodasilva.blogspot.com/
É importante transcrever os textos abaixo, sobre
o Mestre Alberto, como ele era conhecido, que foram escritos por Luiz Antônio
Alencar, músico do Conjunto Big Brasa e hoje jornalista e a carta a mim enviada
pelo amigo Lucius Maia Araújo, hoje auditor federal aposentado e
ex-integrante do Big Brasa, logo após sua partida.
ex-integrante do Big Brasa, logo após sua partida.
Depoimento
de Luiz Antonio Alencar
Alberto Ribeiro da Silva era, e ainda é uma lição
de vida em todos os aspectos. Em tudo que ele fazia e falava tinha um
ensinamento embutido, e isso fez com que a gente que ainda hoje faz parte da
família Big Brasa (estados de espíritos são entidades que se eternizam) tenha
retido lições e posicionamentos diante da vida que ainda hoje em dia norteiam a
nossa vida pessoal e profissional.
Particularmente, seu exemplo de vitalidade,
entusiasmo, amor e fé, me marcaram até hoje, com a grande máxima de que a
juventude se mantém através desses atributos que o Mestre Alberto tinha de
sobra. Acreditar no ser humano e amar acima de tudo era o mote do Mestre
Alberto. Mesmo com toda a sua sabedoria e prudência, ele sempre deixava o
coração falar bem alto, e como falava!
O Conjunto Musical Big Brasa foi um momento
marcante na vida de seus participantes e das pessoas que o conheceram, o Mestre
Alberto foi o momento marcante e definitivo na vida do Conjunto Big Brasa. Era uma banda, ou conjunto, como a gente
chamava na época, que fazia sucesso no Ceará e em outros estados através de
apresentações da televisão, mesmo incipiente e preto e branco na época, mas não
menos mágica.
O Mestre Alberto regia mentalmente a banda, uma
espécie de maestro atuando em outras esferas da mente e do espírito. Quando
passeava pelos clubes em que a gente tocava, simples, tranquilo e despojado e
com a humildade das grandes almas, de repente como se tocado por um raio
invisível, se transfigurava quando executávamos uma música que o agradava. A
banda toda junta não conseguia condensar tanta energia. Era a famosa ágape, que
é como os gregos chamavam aquele amor por tudo e por todos que faz arder os
seres iluminados.
O Conjunto Big Brasa por conta dele, e das
experiências que ele a própria banda em si proporcionaram, se tornou uma grande
escola, e o Mestre Alberto sempre será um supremo representante da raça humana,
um homem que muito fez, muito construiu, totalmente desprovido do manto de
chumbo da vaidade que esmaga a essência de tudo que há de mais belo na alma
humana. O Mestre Alberto estava e ainda está acima dessas coisas todas, como
filósofo nato e roqueiro honorário e de alma.
Encerrando, eu particularmente prefiro mascarar a
triste realidade da partida do Mestre Alberto para outro oriente, achando que
ele está mesmo é “no Balsas”, como ele chamava, muito bem obrigado e ouvindo as
músicas que o Big Brasa tocava.
“É isso aí, mestre”, como ele falava.
Em outra oportunidade o Luiz Antonio, ao comentar
sobre o livro “O Big Brasa e Minha
Vida Musical – Anos Dourados”, que escrevi, comentou sua experiência pessoal como músico de música
pop dos Anos 60, mas abrange também uma época considerada exuberante na
história local e do mundo, principalmente na área musical. Disse ele, em um
extenso artigo que foi publicado na imprensa local, com o subtítulo carinhoso
“Um coroa muito avançado”: (...) “O mais curioso é a participação de um senhor
de cinquenta anos, o contador Alberto Ribeiro da Silva, no projeto que
envolvia adolescentes e suas travessuras, o que dá um choque de gerações tão
comum nos Anos 60”.
Carta de
nosso amigo Lucius Maia
“MESTRE ALBERTO ESTÁ VIVO
Caro amigo “Beiró” (João Ribeiro)
Não sei o que te dizer. Mas sinto necessidade de
falar o que, de coração, for surgindo dos meus sentimentos. Dá para imaginar,
bem sei o que você está sentindo nesse momento e também toda a sua família.
Fiquei muito triste em receber a notícia. O
Mestre Alberto, além de seu pai, além de ser o seu grande exemplo de caráter,
de bondade e tudo o mais, era e é, realmente, uma pessoa muitíssimo especial.
Dessas que, sabemos bem, estão cada vez mais raras de serem encontradas. Nunca
me deparei com alguém que, a propósito do Sr. Alberto, não fizesse questão de,
sempre, adicionar algum tipo de comentário especial.
Além disso, ele significava, para muitos dos seus
amigos – e eu entre eles, um pouco de pai, durante aqueles anos maravilhosos
que tivemos a sorte de conviver tão próximos. E isso fica pra sempre. Lembrar
dele era como lembrar-se de uma pessoa realmente especial, creia. O tempo que
leva para que isso aconteça não é assim muito imediato, pois a percepção
gradual e real do significado da perda da presença física é muito, muito
difícil.
É um vazio e mal-estar tão grande que a gente
pensa que nunca vai se conformar. Mas pessoas como você, e eu, acho, temos uma
base emocional e racional bastante elaborada (olha aí a presença deles de
novo...) para entendermos o que existe de realmente natural nessas situações.
Somos maiores dos que elas e, pela naturalidade do que representam, depois de
certo tempo incorporam-se tranqüilamente em nossa aceitação verdadeira. Não há
como ver tudo isso de maneira não natural - é tão simples quanto isso, mesmo
que posso parecer presunçoso simplificar (no bom sentido) acontecimento tão
complexo de nossas vidas.
Quando ainda estão entre nós a gente não costuma
perceber o total da importância e felicidade que isso representa porque simplesmente está tudo bem, tudo
normal, ele está ali à disposição, do lado, por perto, presente... E nada mais
natural do que seja assim mesmo.
Quando partem, a sensação motivada pelo carinho e
o amor que continuamos a sentir os traz de volta à mente muitas vezes mais do
que era antes - eles ficam muito mais presentes, vivos, e os vemos em quase
tudo com que nos deparamos no nosso dia-a-dia. A coisa mais comum que me
acontece é sempre imaginar o meu papai, nas mais diferentes situações, quanto
ao que diria ou faria se por aqui ainda estivesse.
(...) João Ribeiro e família: espero que vocês
alcancem o sentimento de resignação que realmente está implícito em algo,
infelizmente, tão natural nas nossas vidas. O mistério é muito grande...
Da lembrança que tenho do Mestre Alberto, imagino
que ele não gostaria mesmo de ser motivo de sofrimento continuado por parte das
pessoas que ele mais amou na vida. O Mestre Alberto considerava que a vida
havia sido muito boa para ele. E a vida foi boa para ele principalmente porque
ele teve vocês, filhos, netos, esposa, amigos, que ele amava e, sempre, se dava
o que tinha de melhor e recebeu também muito em troca. Receba meus sinceros
sentimentos, junto com Dona Zisile, Getúlio, Aliete, seus filhos, sobrinhos,
primos e demais parentes.
Grande abraço fraterno,
Lucius Maia
Em 06 de abril de 2001
Textos
extraídos do Blog de Alberto Ribeiro da Silva
LIÇÃO DE
VIDA
Quando eu era jovem, sempre gostei de proclamar
que o maior pavor que tinha era a morte. A lembrança que um dia, mais cedo ou
mais tarde eu teria que partir para a grande viagem, era para mim um grande
tormento.
Por muitos e muitos anos alimentei esse
pensamento, até que um dia, em conversa com uma tia que residia em Balsas, e
aqui faço questão de registrar o seu nome: Tia Ritinha, ela tirou da minha
mente essa tremenda tolice.
Dizia ela, com a sabedoria e bondade que Deus lhe
deu:
- Pois Alberto, abandone de uma vez esse medo que
lhe atormenta. Estou completando 75 anos e jamais ouvi falar de uma pessoa que
estando determinada para morrer, não morreu porque estava com medo.
Neste mundo não se deve temer nada que faz parte
da ordem natural das coisas. A partir daquele abençoado momento, passei a
encarar tudo com mais realismo, passei a ver o mundo de outra forma, certo de
que não se deve temer um acontecimento que é inevitável, que vem
definitivamente para todas as classes, não é privilégio de ninguém.
São estes pequenos acontecimentos que muitas e
muitas vezes se transformam em grandes lições de vida. São pessoas como a minha
tia Ritinha, que não tinha grandes estudos, jamais cursou uma faculdade, a não
ser a escola da vida, mas assim mesmo conseguia transmitir sábios conselhos,
como este que acabo de relatar e que muito me tem servido.
Dou graças ao Grande Arquiteto do Universo, por
me ter dado tempo suficiente para refletir sobre estas coisas e mente capaz de
assimilar e transmitir para outras gerações essas grandes verdades. Obrigado
Tia Ritinha, que Deus a tenha em um bom lugar.
O FIM DA
VIDA
Extraído do livro de meu pai Alberto Neto
A vida das pessoas eu
percebo,
É como se fora um grande
“pau de sebo”
Sobe, desce, escorrega e
cai,
Tenta de novo, mas vencer
não vai.
Eu também sonhei, tive
visões,
Desejei subir, chegar ao
pico,
No fim da vida verifico
Que tudo não passou de
sonhos, ilusões.
Resta-me agora lutar até
o fim,
Pra conseguir do bom Deus
Um lugarzinho junto aos
seus.
E se não for pedir
demais,
Peço também uma vaguinha
Para a Zisile, que também
quer paz.
Eu tenho quase toda
certeza,
Que soneto isto não é,
Falta rima e beleza,
Não tem cabeça nem pé.
Fica aí pra quem vier
Mangar de mim se quiser.
Fiz o que veio na mente
Meu amigo não
esquente.
Alberto Ribeiro da Silva
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