sexta-feira, 12 de julho de 2019

A família mudou?


Vários questionamentos invadem minha percepção de vida hoje em dia. Dentre eles inicio com um passado em minha própria família, com todas as excelentes recordações de momentos distintos que nos trouxeram momentos de felicidade e de boa convivência.

Como as relações entre mim e meus pais influenciaram nossas vidas? E depois entre mim e meus filhos? Da melhor forma!

Os exemplos recebidos foram sempre fundamentais e daquilo que pude aprender tenho certeza de que muita coisa consegui passar adiante para meus filhos. E pelo resultado obtido até hoje me considero bem sucedido neste aspecto.

Com pequenas reuniões entre o núcleo familiar, quando nós reuníamos as crianças à mesa, eu procurava transmitir a necessidade do estudo e da dedicação para que eles pudessem ter mais facilidade ao lidar com a própria vida. E deu certo. Tenho uma satisfação e prazer de externar que nunca foi preciso “mandar” um filho ou filha estudar! Eles aprenderam o Caminho, mais ou menos equivalente ao “DO” quando se fala em Karatê.

Lembro que quando os meus filhos eram crianças e depois em sua adolescência e juventude, nós tivemos uma convivência espetacular, feliz e sadia. Estávamos juntos com algum esporte, com jogos educativos (como o Máster), com música e brincadeiras do tipo “stop”, dominó, bingo entre outras. Todos sentados à mesa, independente das idades. Parecíamos colegas e amigos. Em várias oportunidades estivemos presentes em três gerações, com meu pai também participando alegremente daquelas sessões de perguntas e respostas, que propiciavam a todos algum conhecimento geral e muita animação. As disputas eram muito boas!

Paralelamente houve a época que dediquei um tempo de aprendizado para algumas mágicas infantis e em nosso sítio na serra preparava sessões de mágica para a meninada. Assim tivemos várias tardes com muita atenção da garotada no “mágico”, que com truques simples conseguia inclusive arrancar alguns aplausos da plateia. 

Observo que em um tempo anterior nós conseguíamos diversão com pouca coisa! Sem internet as ideias iam longe, as brincadeiras de mímica para adivinhar nomes de filmes se tornavam muito engraçadas.

Retornando ao campo estritamente familiar, agregando-se os amigos e amigas mais próximos, tínhamos excelentes diálogos entre avós e netos ou netas, pais e filho ou filha, primos e colegas. As relações sem dúvida tinham mais calor humano.

A solidão do mundo digital

Não havia a simples frieza de hoje quando observamos grupos de jovens ou de adultos, cada um sintonizado com sua rede social predileta e ingerindo incessantemente uma carga de informações praticamente inútil. O que em muitos casos é considerado pela medicina como um vício moderno, na expressão da palavra, com todos os malefícios que apresenta, principalmente no distanciamento das relações pessoais. Quantas vezes casais trocam mensagens pelo Whatsapp, mesmo estando a poucos metros um do outro? Eu mesmo já fiz isso, sabe? Apesar de reconhecer o erro.

E assim a família mudou! Os hábitos mudaram. Passamos a nos importar, muitas vezes até mesmo que “contagiados” como se fosse por um vírus, via-de-regra, quando estamos, por exemplo, olhando uma rede social simplesmente porque o nosso parceiro também está fazendo aquilo. Os costumes mudaram muito, também. A leitura perdeu muito o seu valor para as pessoas. Tudo parece mais acelerado no Trem da Vida. Ninguém tem tempo para nada, não se consegue raciocinar sobre o que foi escrito em um texto, apenas as imagens coloridas brilham e espalham seu colorido por nosso cérebro, nos propiciando a falsa noção de felicidade, de encantamento.

Hoje em dia vivemos em um clima de sobressalto, por ocorrências de assaltos, tentativas de golpes e toda a sorte de maldade espalhada infelizmente em uma parte das pessoas. Dificuldades burocráticas nos perseguem no dia a dia e não há tendência aparente de melhorias.

A sociedade moderna convive com incontáveis problemas, mas depende de nós encontrarmos os benefícios trazidos pelas tecnologias diversas e deles aproveitar o máximo. Nas redes sociais aprendi a apreciar muitos amigos e amigas, através de seus comportamentos, comentários, educação, respeito e tolerância. Da mesma maneira passei a exercer o direito legítimo de evitar pessoas desagradáveis ou conteúdos inexpressivos. 

A família mudou, os hábitos e os costumes mudaram, e nós também mudamos! Estamos todos mais experientes e portanto, teoricamente capazes de melhorar nossos espíritos para o lado do bem e da espiritualidade. 

Sinto muita falta de uma comunidade, de amigos, de colegas, de pessoas com as mesmas afinidades, da tranquilidade dos passeios na praia com as crianças, das possibilidades de caminhadas ao ar livre sem a preocupação com a segurança.   


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