terça-feira, 9 de setembro de 2014

A ignorância e o secretismo podem induzir a interpretações equivocadas

Há tempos tenho observado que a ignorância de muitas pessoas, aqui tratada como falta de conhecimento de assuntos específicos, pode induzir a interpretações equivocadas a respeito de determinados assuntos. Se observados a tempo essa ignorância pode ser transformada em um conhecimento essencial e modificar os entendimentos de forma substancial. Enfatizo nesta matéria um caso ocorrido comigo, após um curso na Área de Inteligência do governo federal, em Brasília, como Analista de Informações do Sistema Nacional de Informações, cargo hoje que possui a denominação de Oficial de Inteligência. Os modos de apresentar a Atividade mudaram significativamente - e para melhor! 

Mas bem, vamos lá. Em início de carreira, voltava eu de um Curso de Formação na área de Inteligência, realizado em Brasília. Eu tinha 30 anos de idade. Foram seis longos meses de muito estudo, dedicação e interesse pelos conteúdos. As matérias, as aulas, os treinamentos e exercícios todos muito bem elaborados e um aprendizado muito importante para a minha profissão. Tudo isso com dificuldades por estar longe da família, além dos rigores do aprendizado, que mais tarde iriam ser muito úteis.

Primeiro dia de serviço! Ao chegar a meu local de trabalho, uma Assessoria de Segurança e Informações instalada no Ministério do Trabalho, estava realmente empolgado e bem disposto para exercitar as tarefas a mim pertinentes da melhor forma e transmitir os conhecimentos para demais colegas que ainda não tinham o referido treinamento. Saí do elevador e cruzei com um antigo funcionário (a quem vou chamar de Francisco), que tinha idade bem maior que a minha, o qual olhou para mim e fez o seguinte comentário, em tom jocoso: “Quer dizer que agora aprendeu a entregar as pessoas com técnica, não é?” Foi um golpe duro, reconheço. Apesar da pouca idade fui sensato, engoli em seco o que para mim tinha sido um verdadeiro soco no rosto. Disse apenas para ele: “Francisco, se puder “perder” um pouco de tempo comigo, amanhã, eu gostaria de conversar com o senhor”... No que ele assentiu imediatamente e ficou até um pouco surpreso com o convite.

No dia seguinte, quando ele chegou até minha sala de trabalho eu disse que tinha ficado um pouco triste com a afirmação que ele tinha feito sobre meus estudos. E passei a fazer uma breve explicação de como funciona a Atividade de Inteligência em um país, seus objetivos, a seriedade dos conhecimentos produzidos e o bem que ela pode oferecer para os governantes, particularmente para aqueles que sabem utilizá-la. Resumidamente traçava alguns organogramas para que ele entendesse melhor o assunto. Notei que o interesse daquele funcionário aumentava na mesma proporção que ia entendendo o assunto... Ao final da conversa ele, educadamente, agradeceu muito a conversa e continuamos nossa jornada. Após este fato, nos anos seguintes, Francisco se tornou um dos maiores entusiastas da Atividade de Inteligência e muito me auxiliou no entendimento de assuntos trabalhistas dos quais ele era bom entendedor. Neste caso era o desconhecimento da Atividade que produzia nele impressões totalmente equivocadas a respeito de Inteligência.

Por outro lado, de um modo geral, o secretismo que era usado no Brasil nos primórdios da Atividade de Inteligência (podemos assim dizer) concorriam para que fosse tida como uma atividade “suspeita”, que gerava muita curiosidade e por sua vez histórias fantásticas a respeito. Nada a ver.

Pelo fato de alguns documentos normativos receberem classificação “CONFIDENCIAL”, “RESERVADO” etc. conforme o que previa o Regulamento para Salvaguarda de Assuntos Sigilosos, instituído por legislação específica, nos primeiros dias de trabalho eu saía do expediente com a sensação de que todo mundo “olhava para mim”. Pouco tempos depois aprendi a lidar com a atividade de forma comum, como outras atividades laborais!

Hoje em dia esse secretismo exagerado não mais existe. Podemos acessar a Internet e conhecer tudo sobre a importância da Atividade de Inteligência para nosso país, saber quais são as funções, atribuições, finalidades etc. Simples assim!

As informações estão bem dispostas no site da Agência Brasileira de Inteligência – a ABIN, cujas atividades citamos a seguir.

“A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), tem a seu cargo planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar a atividade de Inteligência. Ufa! São muitos os órgãos integrantes do SISBIN. Entre esses, podemos listar os centros de Inteligência do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Departamento de Polícia Federal, da Secretaria da Receita Federal... A Agência tem como competência assessorar o Presidente da República, fornecendo  relatórios com o conhecimento antecipado de fatos e situações relacionados ao bem-estar da sociedade e ao desenvolvimento e segurança do País.”

Visite o site da ABIN e conheça uma atividade essencial e importante demais para o desenvolvimento do Brasil. O site fica em www.abin.com.br

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